A História de La Cagna – Um Conto Medieval Italiano Sobre Amor, Traição e Uma Mordida Inesperada!

No coração da Itália medieval, no século XII, floresceram diversas narrativas folclóricas que refletiam as preocupações, aspirações e medos da sociedade. Entre essas histórias, a história de “La Cagna” se destaca por sua natureza peculiar e inesperadamente humorística. Apesar de seu título bruto – que traduzido significa “A Cadela” –, a narrativa não trata explicitamente de animais. Em vez disso, ela utiliza a imagem da cadela como uma metáfora poderosa para explorar temas complexos de amor, traição, vingança e redenção.

A história se desenrola em um cenário rural típico da Itália medieval. Um jovem camponês apaixonado por uma bela moça do vilarejo pede sua mão em casamento. No entanto, a moça, seduzida pela promessa de riqueza e status, rejeita o pedido do camponês, preferindo unir-se a um rico mercador da cidade vizinha. Desolado pela rejeição, o camponês decide partir em uma jornada para esquecer seu amor perdido.

Durante sua viagem, ele encontra um velho eremita que lhe oferece aconselhamento e ajuda. O eremita, vendo a profunda dor do jovem, lhe presenteia com um objeto misterioso: uma caixa de madeira entalhada com a figura de uma cadela. A cadela, explica o eremita, é um símbolo da lealdade e proteção. Ele instrui o jovem a abrir a caixa apenas em momentos de extrema necessidade.

O camponês leva consigo a caixa mágica, carregando a esperança de que um dia ela lhe trará consolo. Anos se passam, e o jovem, agora maduro e experiente, retorna ao seu vilarejo. Para sua surpresa, descobre que a moça que ele amava no passado agora é viúva e vive em profunda tristeza. O rico mercador, obcecado por acumular riquezas, tratou-a com frieza e negligência, abandonando-a em sua solidão.

Conmovido pela situação da antiga amada, o camponês decide ajudá-la. Ele lembra da caixa do eremita e a abre, esperando que a cadela mágica lhe traga uma solução para a dor da moça. Ao abrir a caixa, ele encontra não uma criatura real, mas um pergaminho com uma mensagem escrita em caracteres antigos. O pergaminho contém um feitiço antigo capaz de devolver a felicidade àquele que o lê.

Com o coração cheio de esperança, o camponês recita o feitiço em voz alta. A magia se manifesta instantaneamente, envolvendo a moça em uma luz brilhante. No momento seguinte, ela se sente curada de sua tristeza e se alegra por reencontrar o jovem camponês que sempre amou.

Entretanto, a felicidade deles é ameaçada pela aparição repentina do espírito vingativo do mercador falecido. Consumido pelo ciúme e ódio, ele tenta separar os dois amantes com sua fúria sobrenatural. A cadela mágica intervém, transformando-se em uma criatura feroz de dentes afiados.

Em um confronto épico, a cadela enfrenta o espírito maligno, mordendo-o com força suficiente para expulsá-lo do mundo mortal para sempre.

A história termina com o casamento do camponês e da moça, finalmente unidos após anos de separação. A “Cagna” mágica, agora em forma de um amuleto de madeira, serve como um lembrete constante da lealdade, do perdão e do poder redentor do amor verdadeiro.

Interpretação Simbólica da “Cagna”:

A figura da cadela em “La Cagna” é carregada de significado simbólico. Ela representa:

• Lealdade: A cadela é conhecida por sua lealdade inabalável ao seu dono. Neste conto, ela simboliza a lealdade do camponês à mulher que amava, mesmo após ser rejeitado por ela.
• Proteção: Cães são frequentemente vistos como guardiões e protetores. A “Cagna” mágica protege o casal dos ataques do espírito vingativo do mercador, garantindo sua felicidade.
• Transformação:

A cadela passa por uma transformação significativa ao longo da história. Ela começa como um símbolo de esperança, mas se torna uma criatura poderosa capaz de combater o mal. Esta transformação representa o poder interior que cada indivíduo possui para superar adversidades e alcançar a redenção.

A história de “La Cagna” é uma joia escondida da literatura folclórica italiana. Através de sua narrativa simples mas poderosa, ela explora temas universais que continuam a ressoar com os leitores até hoje.